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Feminismo na luta no combate à violência contra as mulheres na UFs: por segurança e autonomia

Dia 24 de fevereiro, amanhã, é marcado pela conquista do direito ao voto feminino no Brasil. O 8 de março, marcado como Dia Internacional das Mulheres, desde 1910, se aproxima, e em vez de comemorar, precisaremos mais uma vez ir as ruas na LUTA pela emancipação e autonomia feminina, pelo direito aos nossos corpos e a nossa sexualidade.

📷Segundo estatística do IBGE as mulheres, apesar de serem quase metade da população, detêm apenas 1% da riqueza mundial. A média mundial de mulheres em todos os corpos legislativos mundiais é de apenas 9%. As mulheres recebem em media 30% a menos que os homens, exercendo a mesma função.

Estamos em todos os espaços, podemos fazer nossas escolhas de formas mais livremente, mas somos lembradas ainda diariamente que o espaço público não é atribuído legitimamente às mulheres. Historicamente, às mulheres, cabem o espaço doméstico, o cuidado e a família. E por isso, mesmo quando conquistam uma posição no espaço público, se desdobram nas duplas e triplas jornadas. As mulheres gastam quase que o dobro de tempo com trabalho doméstico que os homens.

Hoje as mulheres são a maioria na universidade e do corpo acadêmico, mas ainda somos minorias nos postos de liderança – nas reitorias, chefias de departamentos, nas direções de entidades representativas dos estudantes. Mesmos nos cursos majoritariamente ocupados por mulheres, muitos homens acabam se mantendo nos cargos de direção.

O currículo de grande parte dos cursos de graduação não possui recorte de gênero. Disciplina que discute gênero, quando existente, se resume a uma eletiva.

Na Universidade, local de conhecimento e aprendizagem onde todas as formas de opressão e discriminação devem ser combatidas, infelizmente, presenciamos diversas situações que comprovam que a violência contra a mulher ainda está muito presente, seja de forma mais “sutil” (quando acontece por meio de “piadas” e “brincadeiras”)  como nos trotes e calouradas, que são agressivos e humilhantes para muitas  mulheres, nos cartazes de divulgação de festas com fotos de mulheres semi-nuas, que mercantiliza o corpo feminino ou de forma mais violenta e direta como tem ocorrido frequentemente em várias universidades do país através de assédios e tentativas de estupro.

Hoje pela manhã, “entre 7h e 8h, uma professora da Faculdade de Engenharia da UFJF sofreu uma tentativa de estupro (...) na porta de seu Departamento” como foi divulgado em nota pelo DA de Engenharia, enquanto que a Universidade, irresponsavelmente, informou aos veículos de comunicação que se tratava de uma tentativa de roubo.

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O fato não se trata de um caso isolado, apenas esse ano já tivemos acesso à pelo menos três denúncias de tentativas de estupro na Universidade Federal de Juiz de Fora. O Coletivo Maria Maria vem, ao longo dos anos, tentando de diversas formas fazer intervenções, rodas de conversa e atos na Universidade visando o combate direto ao machismo e a violência contra a mulher. Acreditamos que a conscientização das situações de opressões às quais as mulheres estão expostas é uma das principais ferramentas de luta, pois fatos como esses não podem ser tratados apenas como problemas de segurança. Repudiamos todo e qualquer ato de violência contra a mulher e responsabilizamos a instituição pela segurança de todas as pessoas que compõem a Universidades, estudantes, docentes e funcionários/as, pois é inadmissível esses assédios às mulheres fazerem parte do cotidiano da UFJF. Mas, para além disso, é necessário acima de tudo que se levante o debate da naturalização da violência contra a mulher.

O que vem ocorrendo na UFJF e demais universidades brasileiras é um reflexo da estrutura da sociedade capitalista, machista, racista, misógina e heteronormativa, que precisa ser combatido em todos os âmbitos. O abuso sexual contra mulheres e meninas ocorre, infelizmente, com bastante frequência na sociedade. Vemos aí um sintoma da reafirmação da ideia de que o corpo das mulheres é um objeto de domínio público. O Brasil está em 7º lugar no mundo no ranking de violência contra a mulher. E a culpabilização da vítima ainda é a principal ferramenta utilizada pelas instituições que deveriam combater a violência. Estar sozinha em espaço público, o comportamento e a roupa da vítima são motivos suficientes para merecer o estupro e a violação do corpo.

Sendo assim chamamos todo o corpo discente, professores, professoras, funcionários e funcionárias a se conscientizarem sobre a violência nas universidades e a comporem a nossa luta contra o machismo e a opressão.

Juntas podemos construir uma Universidade a serviço do povo, mais igualitária, que contemple as mulheres e que possa transformar a sociedade.





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